terça-feira, 5 de janeiro de 2010

histeria

e em mim as coisas se misturam, confundem-se como numa água turva. eu não sei o porquê de tanta mistura de tanta emoção de tanto afeto. tudo aqui: todo o amor pelo melhor amigo, que já são tantos, e são tão os melhores; e todo o outro amor que eu ainda não tive, não consigo ter, não sei agora nem mesmo se quero; e todas as perguntas mal formuladas e irrespondidas. nesse poço de solidão e memórias não compartilhadas e não compartilháveis, eu fico: meio que à espera de algo além de um 'dorme, só existe sonho - e isso também não é verdade', meio à espera de um algo não sei bem o quê.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

eu não menti quando disse que ainda sou mocinha. eu sou, e tenho tempo. e tenho história de grampos e grampeadores. história de hermano. história de amigo. e historinha de amor. eu conto tudo depois: tipo diário das férias que eu ainda não tenho.

domingo, 23 de agosto de 2009

tititwi: outra coisa de amigo

quarto à meia luz, nina simone de fundo, pequenos pacotes jogados pelo chão: é, os amigos fazem muitas coisas não públicas sem qualquer impedimento. acho, pra dizer o mínimo, justo.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

coisa de amigo

daí a amiga reclamou que o amigo não tinha mais amigos, tinha fãs.
ela deve ter ficado triste porque ele agora se equilibra entre as fotos no jornal, as publicações e as viagens. sobra pouco tempo pra amiga, que agora sente falta de sair junto só pra tomar cerveja, falar bobeira, falar da vida, falar dos outros, pedir conselho, opinar a respeito das políticas adotadas pelo governo do laos... depois, quem sabe, cair numa pista ouvindo uma sonzeira e dançando até morrer, contar que, sim, a rapariga ali do lado tá te paquerando, não porque você é um escritor famoso, mas porque você é meu amigo bonito que parece interessante, e, ou se despedir, desejando boa-sorte-não-esquece-a-camisinha, ou parar e tomar uma saideira e em seguida ir embora planejando o almoço de ressaca no dia seguinte.
amiga, eu também sinto falta disso tudo e de todo o resto. no entanto, eu escolhi, assim, quase sem escolher, esse outro jeito de viver, e nele sendo notado. eu sei que já não tenho mais tempo, e que, quando arrumo, de dez em dez minutos alguém atravessa a nossa conversa pra me perguntar quando sai o próximo ou como foi aquela viagem ou qualquer outra merda que eu já tô ficando cansado de responder. por outro lado, não é incrível que eu seja bem sucedido na minha quase escolha, e ganhe dinheiro, e seja reconhecido entre a gente bacana que gosta do meu trabalho? é... eu faço um troço que é assim mesmo: é pra gente notar. você e a camaradagem curtiram, muita gente notou. e agora a gente não pode mais fazer todas essas coisas públicas que os amigos fazem sem qualquer impedimento. mas, tava cá pensando... depois que eu voltar dessa viagem, que cê acha de me convidar pra tomar uma cerveja ou um vinho na sua casa? eu peço uma pizza, a camaradagem se achega, daí gente aumenta o som lá pelas três pro vizinho reclamar, esquece dos que são só fãs e não vão estar presentes, e faz todas aquelas coisas não públicas que os amigos fazem sem quaisquer impedimentos?

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

segunda-feira, 27 de julho de 2009

dona francisca

nasceu numa cidadezinha com nome de santa e alguns poucos habitantes. ela não fala muito da infancia, só diz que não gostava de menina "estacar" fumo. aos 6 anos era o que tinha de fazer pra ajudar os irmãos e o restante da família de nove crianças, um sanfoneiro-meeiro-chiquinho e a mãe-celestina de jesus.
depois ela foi pra cidade de verdade. casou e resolveu mostrar sua devoção: compôs os nomes da filhas com o das flores que brotaram no jardim da rita e o que tá junto no nome da santa pra dizer de onde ela veio. foi o jeito da francisca também dizer de onde veio: da cidade, da santa, das rosas.
teve um menino, que não vingou. e uma das suas cássias, disse o médico, vai ser criança enquanto puder respirar. foi por causa disso que dona chica acabou descobrindo que era meio santa também. não como a sua, agora vira índio, preto, criança. bebe cachaça, sem deixar cheiro depois. cura gente doente, queima guiné e toma banho de alecrim. e, não sendo muda como a francisca da itália, canta bonitos pontos que misturam coisas de cruz com toque de atabaque.
[cont.]

sábado, 25 de julho de 2009

sexta-feira, 24 de julho de 2009

>>

tá, eu aceito cafuné, massagem, almocinho.


> a gente toma um café, fala de cinema francês.
> eu vou me exibir comentando o limite do peixoto.
> vou fazer carinha de menina e dizer pra você não me olhar assim porque tenho vergonha.
> mas, vai, olha, pega, mexe.
> diz mais três vezes que eu sou linda. eu acredito.
> me bota no colo e diz preu voltar.

>> eu acho que volto.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

cara de família

andar engraçadinho, maozinhas esvoaçantes. abriu a boca, fodeu. se eu soubesse que essa mocinha, delicada, com jeitinho de criança, podia soltar, no resto do tempo em que não tá fazendo pose, essas frases desconexas, pesadas e pouco razoáveis, tinha pensado algumas vezes antes de me aproximar. e, meu deus! como fala palavrão! fosse moça de boa família, ou mesmo de família, ah... isso não se passava.

eu sei que ela escuta britney spears. sei que dança no jardim. que se esgoela no banheiro e deixa calcinha molhada no chuveiro. mas, fico especulando comigo mesmo se ela não faz também umas coisas mais esquisitas... do tipo daquelas de quem ri e precisa assoar o nariz ao mesmo tempo. ou ainda de quem sai correndo feito um boneco da porta dos desesperados (haha, lembra?) assustando os convivas. ela deve misturar a comida, deve comer de colher, deve sujar toda a boca entre garfadas e uma espiadela na televisão.
além disso, quando ela tá sem a calça baixa de barra esgarçada e sem a maquilagem dos olhos, estou certo de que queria ou se comporta não só como um glutão, mas como um cara daqueles que jogam winnig eleven com os amigos no fim de semana porque não tem qualquer esperança de uma boa trepada.

de dentro pra fora, a diferença entre ela e o cara é que ela ainda deve - eu sei que deve - esperar o príncipe encantado no cavalo branco. quando ela descobrir que o príncipe não vem - o que o fulano nunca esperou -, vai deixar de pintar os olhos, vai abolir a linhaça da dispensa e ampliar o estoque de cerveja. vai convidar as amigas pra jogar tranca. e vai acabar a vida entre cigarros, gatos fétidos e plantas murchas.

domingo, 19 de julho de 2009

diarinho - filósofa da folha

depois do informe publicitário na folha de são paulo, digo, do artigo do professor carlos vogt na seção tendencia/debates da última quarta, mandei um e-mail pro painel do leitor - a primeira carta destinada a uma seção de leitores que escrevi na vida. e não é que saiu hoje? já posso dizer que tenho uma publicação em escala nacional. sucesso.
o maior sucesso, no entanto, advém do fato de ostentar mais uma piada: pelo menos por um domingo, filósofa da folha. que sucesso. que maravilha. que gracinha que eu sou:

Universidade virtual
"O professor Carlos Vogt ("Tendências/Debates", 15/7) poderia ser mais claro ao nomear os responsáveis pela criação dos planos de ensino da Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo). Não bastassem os clamores das faculdades de educação, presenciei no instituto em que estudo o desconhecimento que boa parte dos professores tinha a respeito do projeto. Quer parecer, portanto, que os planos de ensino foram criados de maneira verticalizada, sem a participação efetiva das universidades. À Unicamp, à USP e à Unesp caberia "emprestar" seus pós-graduandos e suas marcas ao empreendimento.
É fato que o ensino à distância pode promover a ampliação do acesso à educação "de qualidade". No entanto, a proposta do governo estadual deve precisar melhor seus objetivos e procedimentos."
[http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1907200910.htm]


mas eles não publicaram o que se seguia:

Como o ensino universitário não está baseado somente na transmissão do conhecimento, o projeto deveria contar, por exemplo, com a criação de bibliotecas e centros "reais" de apoio ao estudante. Melhor dizendo, o governo não deve esquecer-se de que um projeto propriamente universitário deve ter como sustentáculo o ensino, a pesquisa e a extensão. A UNIVERSIDADE Virtual do Estado de São Paulo, pelo menos da maneira como tem sido apresentada e estaria funcionando a partir deste ano, parece estar bem longe de merecer o nome de "universidade".´


o assunto é sério. o assunto é sério. mas, pro diarinho, eu registro só o biscoitinho.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

tititwi

Nota: retomar os projetos do livro "Silvio Santos e os Princípios Lógicos". O patrão tá causando. Ou eu vou ou eu não vou.

Litígio

Eu sei: reencontros são sempre felizes. Mas o da moça, hoje, na padaria, ah... hoje não deu. Não deu pra ser feliz. Moça, você sabia que a sua voz parece a de uma gralha fanha? E sabia que ela é tão alta, mas tão alta, que todas as pessoas, que só estão tomando alegremente seu cafezinho no fim da tarde, vão parar a vida delas porque os decibéis e o timbre agudo da sua voz, ao bradar as saudades que sentiu da Carol, vão penetrar profundamente no tímpano de cada uma? E a conversa, até há pouco agradável, vai ser interrompida pelas atenções prestadas enquanto você conta pra sua tia gorda e pra amiga de bingo dela onde é que vocês se conheceram e há quanto tempo vocês não se viam? E que, nossa - você diz - a Carol tem que ser sua advogada, porque no Brasil, quando um caso vai pro litigioso, ah, demora...

E mesmo quando você se acalmar, moça, todos vão ouvir a história do seu pai maluco, mentiroso, que só namora vagabunda e daí pra baixo. E, haha, você falou isso pra amante dele quando ela resolveu ligar na sua casa, na casa onde sua mãe jazia no leito de morte??? E, moça, sua mãe consolou mesmo a amante, agora coitada, que passou a perna no safado do seu pai?

Moça, eu sempre tive respeito pelo leito de morte da minha mãe. Mesmo quando o médico disse que não dava mais jeito, que a partir dali era só a morfina e o conhaque quando ela quisesse. E ao falar do meu pai, ainda que ele seja mentiroso, e embora eu não saiba se ele namora vagabundas-coitadas, eu até que mantive a pose... Além disso, logo que reencontro amigas tão queridas quanto essa sua parecia ser, moça, eu só quero contar as novidades, as coisas frescas e coloridas. E não quero que elas fiquem tão constrangidas como a sua ficou porque tava todo mundo lá praticamente sentado na mesa com vocês. Até a senhora elegante do casal sentado de frente pra mim compartilhou do meu sorriso desesperado de "meu deus, o que tá acontecendo? Eu só queria esperar calmamente pelo suco de laranja com morango".

Moça, eu até fiquei pensando se você tinha namorado, namorada, fucker friend, consolo ou coisa assim. Mas logo pensei que isso não era da minha conta. Nem entra na sua, afinal, com essa voz e - desculpe, eu tive que virar pra ver - com essa cara, moça, nem cachorro você tem.

Moça, desculpe se pareço ríspida. Não pense mal de mim... Moça, eu sempre tive a voz estridente e alta. E, é, moça, eu também não tenho um namorado. Mas ainda assim, moça, eu posso dispensar a você esse quase desprezo: afinal, minha voz, pior que seja, não é a sua; além disso,eu tenho amiga querida, gato e samambaia. Por isso, moça, guarda esse segredo: se você continuar assim, só vão restar mesmo a tia gorda e a amiga de bingo dela - o que pode não parecer tão ruim, pois elas devem ser meio surdas e devem gostar de uma história histericamente encenada. Mas, não, não era isso que eu queria dizer. Moça, se você parar e pensar um pouco, vai entender porque a Carol ficou tanto tempo sem lhe ver. E, pior, porque ela vai ficar mais tempo ainda: eu não sei se você lembra, mas a Carol trabalha com direito administrativo.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

menino,

se algum dia ele teve sonhos, sabe-se lá onde ficaram. talvez num canto escondido de um pensionato frio, cheio de baratas e solidão. ou, quem sabe, naquele apartamento, sim, naquele em que os paetês brilhavam mais.
se algum dia ele realmente sonhou, se teve um daqueles sonhos que se pega, que se come, que são cheios de creme de confeiteiro e açúcar bonito por cima - daqueles que se compra numa padaria onde se entra bem vestido, bem acompanhado e afeito - ele não sabe mesmo onde deixou. talvez ele sequer já tenha sonhado.
acho que mamãe não lhe ninou o bastante. acho que mamãe nem lhe murmurou canções de ninar.
acho que ele nasceu de olhos abertos e nunca mais os fechou. coitado do menino.
coitado do menino que não aprendeu que um sonho é diferente do que ele tem. eu queria dizer pra ele: menino,

pra casar e ter filhos

tá bem. admito. eu troco um bando de go-go boys por um quinteto de jazz.



nenhum dentre eles - digo do bando e do quinteto - é pra casar e ter filhos de verdade. mas esse quinteto, desculpa aí, é de foder.

.Lars Dietrich.Samir Zarif.John Escreet.Zack Lober.Greg Ritchie.

diário de mocinha (?)

comecei inúmeras vezes, continuei nenhuma. dessa vez eu espero que vá, porque eu ainda sou mocinha.