andar engraçadinho, maozinhas esvoaçantes. abriu a boca, fodeu. se eu soubesse que essa mocinha, delicada, com jeitinho de criança, podia soltar, no resto do tempo em que não tá fazendo pose, essas frases desconexas, pesadas e pouco razoáveis, tinha pensado algumas vezes antes de me aproximar. e, meu deus! como fala palavrão! fosse moça de boa família, ou mesmo de família, ah... isso não se passava.
eu sei que ela escuta britney spears. sei que dança no jardim. que se esgoela no banheiro e deixa calcinha molhada no chuveiro. mas, fico especulando comigo mesmo se ela não faz também umas coisas mais esquisitas... do tipo daquelas de quem ri e precisa assoar o nariz ao mesmo tempo. ou ainda de quem sai correndo feito um boneco da porta dos desesperados (haha, lembra?) assustando os convivas. ela deve misturar a comida, deve comer de colher, deve sujar toda a boca entre garfadas e uma espiadela na televisão.
além disso, quando ela tá sem a calça baixa de barra esgarçada e sem a maquilagem dos olhos, estou certo de que queria ou se comporta não só como um glutão, mas como um cara daqueles que jogam winnig eleven com os amigos no fim de semana porque não tem qualquer esperança de uma boa trepada.
de dentro pra fora, a diferença entre ela e o cara é que ela ainda deve - eu sei que deve - esperar o príncipe encantado no cavalo branco. quando ela descobrir que o príncipe não vem - o que o fulano nunca esperou -, vai deixar de pintar os olhos, vai abolir a linhaça da dispensa e ampliar o estoque de cerveja. vai convidar as amigas pra jogar tranca. e vai acabar a vida entre cigarros, gatos fétidos e plantas murchas.