Pro Bruno (@bmsnts) - "RT: um dia, eu espero, religião e política estejam bem distantes."
Muito se tem discutido recentemente acerca da problemática relação entre tópicas que se dizem "políticas" e tópicas "religiosas". Falo da disputa de temas que no campo da religião são da ordem do pecado e que acabam por permear o debate político de modo a, no caso que pretendo tratar, direcionar o debate eleitoral, e que divide as posições, grosso modo, em dois grupos: de um lado, o grupo religioso, de outro, o grupo "politizado". O primeiro, resumirei, consiste naquele grupo que não deseja um país no qual o aborto ou o casamento entre homosexuais, por exemplo, sejam permitidos. Já o segundo deseja um país no qual política e religião "não se misturem". De saída, digo que não concordo nem com uma nem com outra opinião. E respondo o porquê.
O primeiro grupo parece entender que no âmbito do Estado, ou melhor, da Legislação, devem reger os princípios segundo os quais são regidos o seu próprio modo de vida. Quero dizer, (o que se nos afigura como) a maioria cristã deseja uma nação na qual vigorem certas prescrições que conduziriam o indivíduo a uma vida digna perante os olhos de Deus, que garantiriam a moral que convém aos pios, e que, adiante, permitiriam uma vida eterna e gloriosa ao lado do Pai. Ou seja, não basta a punição que Deus reserva aos ímpios: deve haver também criminalização e (ao menos indicativa de) punição por parte do Estado. O segundo grupo, curiosamente, não tem de início uma postura muito distinta do primeiro. O grupo que não deseja que questões de Estado se misturem com questoes de conduta moral quer também que a Legislação e, aqui, o "debate", sejam regidos por princípios que dizem respeito ao seu próprio modo de vida. Sim, ao seu próprio modo de vida. Ao que parece, são indivíduos que, tendo crença ou não, moralidade "alargada" - sim, moralidade - ou não, entendem que não concerne ao debate político a discussão e, por conseguinte, a determinação de normas jurídcas concernentes a certas concepções "individuais" de vida. De minha parte, considero as duas posições perigosas: com nenhuma delas se discute. Mas, ainda preciso dizer que considero a segunda um tanto mais perigosa que a primeira. Isto porque ela assume ares de "abertura" - ora, se você quer ir pro céu, problema seu. -, quando na verdade é tão restrita quanto a primeira.
Acho, sim - verdadeiramente-, que o debate político deve concernir a questões de ordem "religiosa". E isso porque, ao que parece, os "indivíduos", os eleitores, os cidadãos desejam que a questão seja colocada em pauta. O grande problema em questão é que a religião está pautando a política no momento em que não deveria pautar; afinal, não teremos tempo - e nem os candidatos parecem querer fazê-lo - para discutir efetivamente a questão. Resta, por ora, uma briga surda por votos. Como com surdez - e falo daquela com a qual tanto Serra quanto Dilma tem conduzido os momentos propiciados para discussão - não se discute "democraticamente", é evidente que a posição "dos religiosos" vai incomodar, isto é, ao menos a mim incomoda bastante. No entanto, dizer que política e religião não devem se misturar é uma redução tal que pode ter desdobramentos perniciosos. Ou queremos um outro Sarkozy (o que é meramente uma aparente laicização da ordem pública quando na verdade se trata da imposição de um único modo de vida?).
Do meu ponto de vista, o debate político não deve ser só permeado por temas (aparentemente) neutros da ordem econômica ou... ou... ou o que mais mesmo? O debate político tem que estar aberto a temáticas de ordem "moral", não só porque "as pessoas parecem se importar com isso", mas principalmente porque, como temos visto, elas são, antes, questões de ordem jurídica; e Justiça é questão de Estado, e Estado também - e principalmente - se constrói no debate público. Um debate aberto? Sim. Um público amplo? Também. A pergunta é: assumindo que uma discussão pública é demorada, exige ao menos respeito diante de posições diversas, queremos verdadeiramente(construir) esse debate?
Muito se tem discutido recentemente acerca da problemática relação entre tópicas que se dizem "políticas" e tópicas "religiosas". Falo da disputa de temas que no campo da religião são da ordem do pecado e que acabam por permear o debate político de modo a, no caso que pretendo tratar, direcionar o debate eleitoral, e que divide as posições, grosso modo, em dois grupos: de um lado, o grupo religioso, de outro, o grupo "politizado". O primeiro, resumirei, consiste naquele grupo que não deseja um país no qual o aborto ou o casamento entre homosexuais, por exemplo, sejam permitidos. Já o segundo deseja um país no qual política e religião "não se misturem". De saída, digo que não concordo nem com uma nem com outra opinião. E respondo o porquê.
O primeiro grupo parece entender que no âmbito do Estado, ou melhor, da Legislação, devem reger os princípios segundo os quais são regidos o seu próprio modo de vida. Quero dizer, (o que se nos afigura como) a maioria cristã deseja uma nação na qual vigorem certas prescrições que conduziriam o indivíduo a uma vida digna perante os olhos de Deus, que garantiriam a moral que convém aos pios, e que, adiante, permitiriam uma vida eterna e gloriosa ao lado do Pai. Ou seja, não basta a punição que Deus reserva aos ímpios: deve haver também criminalização e (ao menos indicativa de) punição por parte do Estado. O segundo grupo, curiosamente, não tem de início uma postura muito distinta do primeiro. O grupo que não deseja que questões de Estado se misturem com questoes de conduta moral quer também que a Legislação e, aqui, o "debate", sejam regidos por princípios que dizem respeito ao seu próprio modo de vida. Sim, ao seu próprio modo de vida. Ao que parece, são indivíduos que, tendo crença ou não, moralidade "alargada" - sim, moralidade - ou não, entendem que não concerne ao debate político a discussão e, por conseguinte, a determinação de normas jurídcas concernentes a certas concepções "individuais" de vida. De minha parte, considero as duas posições perigosas: com nenhuma delas se discute. Mas, ainda preciso dizer que considero a segunda um tanto mais perigosa que a primeira. Isto porque ela assume ares de "abertura" - ora, se você quer ir pro céu, problema seu. -, quando na verdade é tão restrita quanto a primeira.
Acho, sim - verdadeiramente-, que o debate político deve concernir a questões de ordem "religiosa". E isso porque, ao que parece, os "indivíduos", os eleitores, os cidadãos desejam que a questão seja colocada em pauta. O grande problema em questão é que a religião está pautando a política no momento em que não deveria pautar; afinal, não teremos tempo - e nem os candidatos parecem querer fazê-lo - para discutir efetivamente a questão. Resta, por ora, uma briga surda por votos. Como com surdez - e falo daquela com a qual tanto Serra quanto Dilma tem conduzido os momentos propiciados para discussão - não se discute "democraticamente", é evidente que a posição "dos religiosos" vai incomodar, isto é, ao menos a mim incomoda bastante. No entanto, dizer que política e religião não devem se misturar é uma redução tal que pode ter desdobramentos perniciosos. Ou queremos um outro Sarkozy (o que é meramente uma aparente laicização da ordem pública quando na verdade se trata da imposição de um único modo de vida?).
Do meu ponto de vista, o debate político não deve ser só permeado por temas (aparentemente) neutros da ordem econômica ou... ou... ou o que mais mesmo? O debate político tem que estar aberto a temáticas de ordem "moral", não só porque "as pessoas parecem se importar com isso", mas principalmente porque, como temos visto, elas são, antes, questões de ordem jurídica; e Justiça é questão de Estado, e Estado também - e principalmente - se constrói no debate público. Um debate aberto? Sim. Um público amplo? Também. A pergunta é: assumindo que uma discussão pública é demorada, exige ao menos respeito diante de posições diversas, queremos verdadeiramente(construir) esse debate?