- você ia pra direita ou pra esquerda?
num meio pensamento achei que nunca ia me lembrar daquilo, mas a outra metade veio rápida:
- eu entrava à direita, e o quarto ficava à esquerda - respondi, já assustada com a memoria da imagem daquele corredor de paredes brancas, que parecia gigantesco naqueles dias.
luíza, como prefiro chamá-la aqui, afirmou com a cabeça, que, sim, ela certamente tinha cuidado daquele término, pois eu tinha indicado, precisamente, a enfermaria que ficava sob sua responsabilidade. eu, ainda assustada pensava que nunca poderia lembrar daquilo, mas lembrei e, de novo, foi assustador. não um susto ruim, mais uma surpresa.
só que surpreendente mesmo foi me dar conta de que a mulher que cuidou dos últimos dias da vida da minha mãe, - um pouco antes do (dr.) tio fernando liberar o conhaque- há 16 anos, é a mesma que cuidou, agora, dos primeiros dias da minha nova vida. luíza é medica e é mãe.
pra direita ou pra esquerda? não, aqui mesmo. aqui mesmo é surpreendente.