sábado, 3 de abril de 2010

quando eu crescesse

tava no samba, era a mais bonita. dançava, sacudia o chão. sorria, encantava a todos madrugada a dentro. mal se sabia, no entanto, que quando ela botava a mão no peito e cantava "se eu tivesse que chorar, chorava no meio da rua" com um gesto cheio de altivez, a vontade mesmo - e eu falo daquela que sai do fundo de qualquer lugar que a ciência mal explicou, mas que o samba conhece bem -, era extirpar aquele pranto pesado, doído que carregava . coisa que sambista sabe fazer também: sorrir do que dói, cantar pro mundo com alegria aquele aperto do peito, esquentar o pandeiro com a tristeza do coração: quando eu crescesse, eu queria ser sambista.